quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Hífen na Reforma Ortográfica


Usado para separar sílabas, ligar pronomes átonos ao verbo, compor conjuntos de letras e números ou para formar palavras compostas, o hífen é, ao lado da crase e das concordâncias, uma das maiores dificuldades dos falantes da língua portuguesa na hora da escrita.

O Acordo Ortográfico quis simplificar seu uso, mas é certo que ainda haverá algumas dificuldades a serem vencidas... Mas tudo bem! Afinal, temos até 2012 para nos adaptarmos à reforma. Quem largar primeiro leva vantagem! Você quer fazer parte dessa equipe? Então vamos lá!

O hífen está presente:

• Em palavras compostas que constituem unidade sintagmática e semântica e nas que designam espécies:

ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, bem-te-vi.

• Nas palavras que venham após os prefixos além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem, soto, vice:

além-mar, aquém-oceano, ex-marido, pós-graduação, pré-natal, pró-reitor, recém-casado, sem-terra, soto-mestre, vice-presidente.

• Em todos os prefixos seguidos por palavras iniciadas por h:

anti-herói, anti-higiênico, super-homem, micro-história, extra-humano, co-herdeiro, proto-história, semi-herbáceo, sobre-humano, ultra-heróico

(exceção: subumano).


• Em prefixos terminados em vogal seguidos por palavra começada pela mesma vogal:

anti-inflamatório, auto-observação, arqui-inimigo, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato

(exceção: co- se junta ao segundo elemento mesmo quando ele acaba com o: coordenar, coobrigação) .


• Em prefixos terminados por consoante seguido de palavra começada pela mesma consoante:

hiper-rico, inter-racial, sub-bloco, super-resistente, super-romântico

(O sub vai além. Usa hífen com palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça.).


• Nos sufixos de origem tupi-guarani:

açu, guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.


• Em palavras formadas pelos prefixos circum e pan junto a palavras iniciadas em vogal, M, N e H:

pan-americano, circum-navegação, circum-escolar.

• Com topônimos iniciados por grão e grã e forma verbal ou elementos com artigo:

Grã-Bretanha, Santa Rita do Passa-Quatro, Baía de Todos-os-Santos, Trás-os-Montes.

• Com os advérbios bem e mal em que o segundo elemento for iniciado por vogal ou h:

bem-aventurado, bem-humorado, mal-educado, mal-estar.

Obs: O advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras iniciadas por consoante, visto que, em português, o m só é usado antes de p e b, como por exemplo: bem-criado (mas malcriado), bem-falante (mas malfalante), bem-visto (mas malvisto).

Mas até nestes casos existem as exceções. É o exemplo de muitos compostos em que o bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte, sofrendo a alteração da letra m pela letra n: Benfazejo, benfeitor, benfeitoria, benquisto.

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O hífen NÃO está presente:

• Quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento:

aeroespacial, agroindústria, antieducação, autoescola, autoafirmação, autoajuda, autoestrada, coedição, coautor, contraindicação, contraordem, extraescolar, infraestrutura, intraocular, neoexpressionista, plurianual, semiaberto, semiautomático, semiárido, supraocular, ultraelevado.
Obs: esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico, extraordinário...


• Em palavras formadas por prefixo terminado em vogal + palavras iniciadas por r ou s, sendo que estas devem ser dobradas para que se mantenha a pronúncia:

antessala, antirrábico, antirrugas, antissocial, autorretrato, autorregulamentação, arquirrival, biorritmo, contrassenso, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, infrarrenal, microssistema, minissaia, multirrisco, neossocialismo, semirrobusto, suprarrenal, suprassensível, ultrarrigoroso, ultrassom.


• Quando se perde a noção de palavra composta, formando uma significação própria:

paraquedas, paraquedista, mandachuva, parachoque, paralama, parabrisa, rodaviva, cabracega, ferrovelho, bateboca, tocafitas.

• Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais):

cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de...

(exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa)


CURIOSIDADE:

Você sabia que hífen só possui acento no singular? Pois é, quando esta palavrinha vai para o plural ele perde o acento gráfico.

Veja: HÍFEN – HIFENS

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Reforma Ortográfica


As mudanças no Português, previstas já para 1° de janeiro de 2009, afetarão nossa língua escrita, não comprometendo a língua falada. Trata-se de um Acordo Ortográfico, assinado pelos países de mesmo idioma, com o objetivo de unificar a ortografia desta que é a terceira língua ocidental mais falada no mundo, a nossa Língua Portuguesa.

Para facilitar a compreensão, expus apenas as sentenças já com as mudanças, e não com os exemplos comparativos como eram antes, visto que vários guias de orientação estão sendo cada vez mais difundidos. Desta forma, preparei um material simples e objetivo, fugindo das convenções e apenas trazendo exemplos aplicáveis ao nosso dia-a-dia.


Dividi a exposição das mudanças em duas partes – a 1ª apresentada nesta edição de novembro; e a próxima exclusivamente sobre as mudanças quanto ao uso do hífen, na 2ª e última parte, na edição de dezembro.

Preparado?

O Alfabeto

Km (símbolo de “quilômetro”)
Darwinismo (derivado de nome estrangeiro)
Yuri (nome próprio)

Se elas são utilizadas em nossa língua, por que não reintroduzi-las em nosso alfabeto? Por isso, reconquistamos as letras K, W e Y, que faziam parte do abecedário antigo, e ficamos novamente com as 26 letrinhas no nosso alfabeto.

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O Trema

Müller comprou linguiças a cinquenta reais.

O trema deixa de existir nas palavras em português, mas continuam em nomes próprios, palavras estrangeiras e suas derivações.

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A Acentuação

1 - Dar uma joia é uma ótima ideia!

Os ditongos abertos ei e oi não são mais acentuados nas palavras paroxítonas (aquelas com tonicidade na penúltima sílaba).

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2 - Eu abençoo aqueles que creem.

Não se usa mais o acento circunflexo (^) nas palavras terminadas em eem e oo(s).

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Ele tem irmãos. Eles têm irmãos.

Ele vem de longe. Eles vêm de longe.

Ele mantém a palavra. Eles mantêm a palavra.

Ele convém aos estudantes. Eles convêm aos estudantes.

Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como seus derivados.

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3 - Ele para o carro para jogar polo.
Achei um pelo de gato na pera.

Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas (com mesma grafia), que antes diferenciavam verbos, substantivos e preposições.

Ontem, ele não pôde sair, mas hoje ele pode.
Porém, permanece o acento do verbo pôde (passado) para diferenciá-lo do verbo pode, no presente.
Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
Também permanece o acento do verbo pôr para diferenciá-lo da preposição por.
Qual a forma da fôrma do bolo?
É opcional o uso do acento circunflexo que diferencia as palavras forma e fôrma, mas em alguns casos sua utilização torna a frase mais clara.

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4 - Que feiura as atitudes daquele caiula!
Não se acentua mais o i e u tônicos em paroxítonas precedidas de ditongo.

Edição publicada em 14/11/2008

Baseado em "Fatos Reais"


O mais bacana de aprender bem uma língua é brincar com a infinidade de artifícios que ela nos proporciona. Se não conhecemos os atributos da gramática, ficamos limitados até em satirizar a própria língua! E vemos tantas “sacadas” inteligentes que algumas pessoas fazem com o Português...

Nesta edição, falaremos sobre o Pleonasmo, um vício de linguagem que proporciona muitas situações engraçadas e que nos faz ouvir, ou dizer, as famosas redundâncias subi pra cima ou desci pra baixo, uniões totalmente dispensáveis, pois basta um desci para sabermos que é para baixo; ou um subi, que logicamente é para cima. Mas existem outras que passam quase que completamente despercebido por muitos de nós, e somente um falante muito atento poderia reconhecer, nessas expressões, um pleonasmo. Você saberia identificar um? Vejamos se esta resposta é sim:

Acabamento final
Almirante da Marinha
Antecipar para antes
Caligrafia bonita
Conclusão final
Consenso geral
Conviver juntos
Criar novos
Dar de graça
Elo de ligação
Encarar de frente
Enfrentar de frente
Erário público
Experiência anterior
Fato real
Ganhar grátis
Há anos atrás¹
Hábitat natural
Hemorragia de sangue
Inaugurar novo
Lançar novo
Manter o mesmo
Metades iguais
Monopólio exclusivo
Novidade inédita
Panorama geral
Países do mundo
Pequenos detalhes²
Prefeitura Municipal
Protagonista principal
Regra geral
Repetir de novo
Sorriso nos lábios
Sua própria autobiografia
Surpresa inesperada
Viúva do falecido

Mas o que é o Pleonasmo?

Pleonasmo é o uso da expressão redundante. Nos exemplos acima, utilizamos vários tipos de pleonasmo vicioso, que é a repetição desnecessária de algum termo ou idéia numa frase.
Além desse tipo de redundância, temos o pleonasmo literário, ou estilístico, que serve para realçar uma idéia, e, portanto, funciona como figura de linguagem. Este recurso é utilizado por vários escritores para enfatizar algo no texto. São exemplos de pleonasmos aceitáveis:
Chovia uma triste chuva de resignação.” (Manuel Bandeira)
“E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto.” (Vinícius de Morais)

¹ Licenças poéticas utilizadas nas músicas “Eu nasci há 10 mil anos atrás”, de Raul Seixas; e ² Detalhes, de Roberto Carlos.

Assista ao vídeo sobre Pleonasmo abaixo, pois não há maneira melhor de se aprender um assunto do que se divertindo com ele:




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E na próxima edição...

Precisamos entrar o ano novo com o pé direito e de olho na reforma ortográfica, prevista para entrar em vigor já em 1º de janeiro! E a Tirando a Limpo traz tudo o que você deve saber sobre as mudanças na Língua Portuguesa!

Edição publicada em 14/10/2008

Como surgiu a expressão...


PAGAR O PATO
Existe mais de uma versão para a origem dessa expressão, que hoje significa: arcar com as conseqüências de ações e atitudes de outras pessoas. Uma delas conta que numa brincadeira antiga, um pato era amarrado a um poste. Os participantes deviam correr até o poste e cortar as amarras que prendiam o animal de um só golpe. Quem não conseguisse deveria pagar o pato.

SANTO DO PAU OCO
Utilizada normalmente para designar pessoas falsas, relatos contam que a expressão pode ter surgido em Minas Gerais, entre o final do século XVII e o início do século XVIII, no Período Colonial. Para driblar a cobrança do "quinto", o imposto de 20% que a Coroa Portuguesa cobrava de todos os metais preciosos garimpados no Brasil, santos em madeira oca eram esculpidos e, posteriormente, recheados de ouro em pó! Daí, santos do pau oco...

O CONTO DO VIGÁRIO
Cair no “conto do vigário" significa levar um golpe de esperteza, e uma das histórias mais conhecidas sobre a origem dessa denominação, teria como palco uma disputa entre dois vigários em Ouro Preto, no século XVIII. Um dos vigários teria proposto que amarrassem a santa num burro que estava solto na rua. Pelo plano, o animal seria solto entre as duas igrejas. A paróquia que o burro tomasse a direção ficaria com a imagem. O animal foi para a igreja de Pilar, que acabou ganhando a disputa. Mais tarde teria sido descoberto que o burro era do vigário dessa igreja.
Em Portugal, a expressão tem uma versão mais apropriada para o assunto. Um golpe aplicado no século XIX teria sido o responsável pela má fama dos vigários. Alguns malandros chegavam a cidades desconhecidas e se apresentavam como emissários do vigário. O grupo afirmava que tinham uma grande quantia de dinheiro numa mala que estava bem pesada e que precisaria guardá-la para continuar viajando. Mas, como garantia, solicitavam aos moradores da cidade uma quantia de dinheiro para viajarem tranqüilos. E assim desapareciam. Quando a população abria a maleta descobria um monte de bugigangas sem valor. Estava em prática o conto do vigário!

Dica de leitura: A coluna O Berço da Palavra, de Márcio Cotrim, todos os domingos no Correio Braziliense.

Edição publicada em 14/10/2008

Gerundismo e Palíndromos


Tenho recebido muitos pedidos para escrever sobre um assunto bastante recorrente nos dias de hoje. E, apesar de já tê-lo mencionado em uma coluna que escrevi para o Bom de Papo, ainda no antigo formato, no início de 2005, percebo que existem certos temas que nunca é demais voltar a abordá-los! Trata-se de um vício da linguagem moderna denominado GERUNDISMO, e que eu, com prazer, volto a escrever com nova roupagem especial para o Blog:

Vou estar transferindo a ligação...
Vou estar repassando a mensagem...
Vou estar enviando o contrato...

Quem nunca ouviu por aí expressões como estas acima?

Acho que todos nós, se não falamos, pelo menos já ouvimos a insistente leva dos “vou estar + verbo no gerúndio”, não é mesmo? Pois saiba que a esta composição do “vou estar fazendo...” denominamos GERUNDISMO.

O gerundismo é o uso exacerbado e desnecessário do gerúndio, precedido de um verbo mais seu auxiliar, em uma oração.

Ao invés disso, não seria preferível dizer:

Vou transferir a ligação...
Repassarei a mensagem...
Vou enviar o contrato...
Parece simples, não?


Mas, afinal, por que esta junção verbal com o gerúndio tomou conta das conversas, e hoje corre de boca em boca, invadindo os nossos ouvidos?

Bem, tem-se atribuído isso à influência da língua inglesa no Brasil e sua tradução malfeita, que acabou por sair dos manuais diretamente para as centrais de atendimento ao cliente por telefone. Vejamos os exemplos a seguir:

“I am going to do something.” – Tradução literal: “Estou indo fazer algo.”

“We will be sending you the catalog soon” – Tradução literal: “Nós estaremos lhe enviando o catálogo em breve.” ou “Nós vamos estar lhe enviando...”

Mas atenção! Não confunda o abuso da utilização do gerúndio, com o uso devido desta forma nominal! Conheço patrões que, desesperados com a proliferação do gerundismo, têm levantado a bandeira contra o gerúndio, pobrezinho! O gerúndio não é o culpado pelo seu mau uso. Ao contrário, ele é bastante apropriado nos casos em que se necessita transmitir a idéia de movimento, de progressão, duração, continuidade, podendo ainda ser acompanhado por verbos auxiliares:


Os preços estão subindo todos os dias.
Andaram falando mal de ti.
Aos poucos ela vai ganhando a confiança do patrão.
A noite vai chegando de mansinho.


Com base nessas informações, você saberia informar em quais orações o gerúndio está empregado corretamente, e quais as que não? Veja se consegue identificar¹:

1 - Em virtude do atraso, estaremos recebendo o pagamento em conta corrente nos dias 27 e 28. ( )
2 - – Podemos nos encontrar no fim-de-semana?
– Infelizmente não, pois vou estar viajando. ( )
3 - Em outros artigos ela estará dando maior atenção a cada um desses temas. ( )
4 - Ela deve estar fazendo as tarefas de casa agora. ( )
5 - Vou aproveitar o 13º para estar pagando tudo. ( )
6 - Concomitantemente, temos que estar discutindo e reconstruindo um currículo escolar que venha a ser um instrumento de formação integral. ( )
7 - Estes temas devem servir para estarmos aprofundando as discussões. ( )
8 - Nossos atendentes vão estar efetuando a cobrança somente em maio. ( )


¹Resposta: As 4 primeiras questões estão escritas corretamente e as 4 últimas empregadas com gerundismo.

Fonte dos exercícios e demais consultas: Profª. Maria Tereza de Queiroz Piacentini http://www.linguabrasil.com.br

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Curiosidade - Palíndromo

Leia a frase abaixo:

SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS

Agora a transcreva de trás pra frente, letra por letra. Desconsidere a acentuação.

Surpresa!!! Ela ficou igualzinha, não foi???

Pois é... A este recurso lingüístico, mais comum à Literatura, dá-se o nome de PALÍNDROMO – palavra, frase ou número que mantém igual sentido quando lida de trás pra frente.

E isso não é privilégio exclusivo de nossa língua portuguesa! Podemos encontrar palíndromos nos mais diversos idiomas, provavelmente por ser uma forma bastante eficaz de memorização.

Veja mais alguns exemplos:

ANOTARAM A DATA DA MARATONA
A TORRE DA DERROTA
O LOBO AMA O BOLO
O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO

Quer mais? Acesse a Wikipédia e confira a listagem de palíndromos disponíveis: http://pt.wikipedia.org/wiki/palíndromo

E que tal agora você criar o seu próprio Palíndromo?

Edição publicada em 15/9/2008

Eu tenho medo do MESMO!


Na edição anterior, instigamos nossos colegas a descobrir mais erros no texto enviado por fraudadores utilizando-se do nome da Receita Federal. E foi destacado o erro “...e quais providências à tomar...” Nosso colega acertou em cheio! E ainda nos explicou o porquê de estar errado, pois “como não podemos aplicar artigos antes de verbos, a crase se torna inviável.” É isso aí!

Mas falaremos deste assunto em uma edição próxima, pois crase é uma das questões mais discutidas na hora de redigirmos nossos textos e isto nos demanda mais tempo...
Além deste erro, os criminosos ainda escreveram receita com inicial minúscula! Ora, sabemos que todo nome próprio, quando não substantivado, escreve-se com inicial maiúscula! Como se trata de um Órgão do governo, a Receita Federal, e não de uma simples receita - de bolo, por exemplo, ela deveria ter sido escrita: “...execute o verificador da Receita preenchendo as informações...” Mas este assunto também merece destaque em uma edição posterior.
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Nesta edição em especial, gostaria de dar ênfase a um assunto que invade milhares de textos corporativos, além de, inclusive, estar estampado em elevadores...
A propósito, quem nunca se deparou com a famosa frase:

"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar.”???

Cruzes! Dá até arrepios! Quem será esse mesmo? Será algum monstrinho que perambula pelos andares? Lembre-se que a placa nos aconselha a verificar se o “mesmo” está parado no andar antes de entrarmos no elevador, portanto, cuidado!

Até no maior site de relacionamentos da Internet existe uma comunidade em torno do assunto. Chama-se “Eu tenho medo do mesmo”. É fantástica a criatividade desses internautas, que exploraram o famoso erro criando uma comunidade em que satirizam o emprego inadequado do “mesmo”.

Mas, afinal, quando devemos utilizar o “mesmo”? E mais: Por que a inscrição no elevador não está correta?

O erro ocorre porque a palavra “mesmo” não deve ser utilizada como pronome pessoal, apenas como pronome demonstrativo, pois sua função é a de retomar uma oração ou reforçar um termo de natureza substantiva.
Exemplo correto do emprego do mesmo:

O chefe é competente em seu trabalho e espera que eu faça o mesmo.

O mesmo na frase acima equivale a isso, e por este motivo é utilizado de forma correta evitando a repetição do conteúdo da oração anterior. Ou seja, quer dizer que o chefe espera que eu também seja competente em meu trabalho, que eu faça o mesmo que ele faz.


Exemplo incorreto do emprego do mesmo:

O segurado afirmou conhecer a nova apólice e a alteração da mesma.

Já neste caso, o pronome toma o lugar de nova apólice, devendo, portanto, ser substituído por um pronome equivalente:

O segurado afirmou conhecer a nova apólice e sua alteração.

Mas por que este erro é tão recorrente?

Algumas pessoas recorrem a ele para evitar a repetição, já que o pronome ele(a)(s) deve ser administrado com cautela, e isso nos dá a falsa impressão de que a frase: “Reuni-me com o gerente e o mesmo afirmou...” está seguindo os padrões da norma culta, quando, verdade, é um recurso deselegante para a nossa Língua.

Mas, então, como deveria ser a inscrição do elevador?

Bastaria:

"Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado no andar.”

Ou ainda:

"Antes de entrar, verifique se o elevador encontra-se parado no andar.”

Outras dicas para não temer o "MESMO":

Para dar reforço à frase:

"Ele (ou ela) mesmo (ou mesma) recebeu convidados"

Como adjetivo, se comparando a qualidades de um mesmo ser:

"A leitura é ela mesma infinita."

Composto por subordinação (as formas reduzidas são mais enfáticas):

"Mesmo ferido no braço, o assaltante voltou para a sala de projeção e assistiu ao fim do filme."

Como advérbio:

Expressões como "dar na mesma"; "na mesma" ou "dar no mesmo" indicam o sentido de "no mesmo estado":

"A situação continua na mesma".
"Com rendimentos tão baixos, deixar o dinheiro na conta corrente ou na poupança dá no mesmo."

"Ele recebeu os primeiros socorros próximo à praia, mas como seu estado era bom, foi liberado ontem mesmo."

Edição publicada em 7/8/2008

Falso informativo da Receita


Mais uma quadrilha desbancada graças à Língua Portuguesa

No mês passado fomos alertados pela empresa para ignorar uma mensagem veiculada na Internet, em nome da Receita Federal, comunicando a pendência do contribuinte junto ao IRPF 2008.

A falsa mensagem foi anexada ao comunicado para que tomássemos conhecimento de seu conteúdo. Foi então que me deparei com uma série de evidências que, de fato, não poderia ter sido enviada por um Órgão do governo.
Leia a mensagem abaixo e veja se consegue identificar os erros que esses incautos fraudadores cometeram:



Brasília, 15 de Maio de 2008
Informamos que seu CPF se encontra pendente de regularização.
O motivo da pendência foi a irregularidade em seu Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), a qual motivou a suspenção do mesmo, e também de seu título eleitoral. O erro foi apurado no dia 25 de abril de 2008, na apuração do IRPF2008.
Para saber mais detalhes sobre esta irregularidade, e quais providências à tomar, execute o verificador da receita preenchendo as informações pedidas quando necessário.
Após clicar no link, será exibida uma janela, onde a opção “Salvar” deve ser clicada, de acordo com a figura abaixo:

Download do Programa IRPF 2008


Caso o link acima não funcione Clique Aqui.





Vejamos o primeiro:

“... a qual motivou a suspenção...”

“Suspensão” com “cê-cedilha”? Que feio não?
Mas você sabe por que “suspensão” se escreve com “s”?
Suspensão se escreve com “s”, como todos os substantivos derivados de verbos terminados em "ender", "verter" e "pelir":

SUSPENDER / SUSPENSÃO
COMPREENDER / COMPREENSÃO
PRETENDER / PRETENSÃO
REVERTER / REVERSÃO
CONVERTER / CONVERSÃO
EXPELIR / EXPULSÃO
REPELIR / REPULSÃO
Já os substantivos derivados dos verbos "ter" e "torcer", mais seus derivados, são escritos com “cê-cedilha”:
ABSTER / ABSTENÇÃO
ATER / ATENÇÃO
DETER / DETENÇÃO
MANTER / MANUTENÇÃO
RETER / RETENÇÃO
TORCER / TORÇÃO
DISTORCER / DISTORÇÃO
CONTORCER / CONTORÇÃO

Bacana, não? Já aprendemos uma boa regrinha, não é mesmo? E mais uma vez, como na edição anterior, os bandidos são “pegos” graças aos tropeços na Língua Portuguesa!
Mas você pensa que é só? Nada disso. Ainda neste texto temos outros errinhos para destacar. Você consegue descobrir quais são?

Mas falaremos disso apenas na próxima edição.

Grande abraço!

Edição publicada em 19/6/2008

Pegadinhas Ortográficas


Acontecimentos nacionais também trazem inspirações para esta coluna. Foi o caso de uma quadrilha presa, no final do ano passado, por atentado ao português! É que eles escreveram impório no furgão utilizado no crime e a polícia não os perdoou! Mas justiça seja feita, o nosso idioma trai até mesmo os mais experientes! Observe as palavras abaixo e perceba se você próprio já não caiu nas artimanhas do nosso idioma:

empório, e não impório;
empecilho, e não impecilho;
invólucro, e não envólucro;
superstição, e não supertição;
supérfluo, e não supérfulo;
beneficente, e não beneficiente;
asterisco, e não asterístico;
cadarço, e não cadaço ou cardaço;
sobrancelha, e não sombrancelha;
mortadela, e não mortandela;
casa geminada, e não germinada

Edição publicada em 7/5/2008

Bem-Vindo!

Puxa Vida! Que legal estar em um Blog escrevendo sobre um assunto que tanto amo - a Língua Portuguesa.
Esta é minha 1ª postagem e quero compartilhar com você o meu conhecimento. Em contrapartida, que tal você me dar o seu???
Seja muito bem-vindo!

Carol